sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

FATOS HISTÓRICOS SOBRE NOBRES PORTUGUESES

O rei D. Manuel de Portugal tinha com João Gonçalves da Câmara uma demanda vultosa, que seria julgada por nove desembargadores. Desejando favorecer um deles, para que votasse a seu favor, o rei o colocou em posição superior à que lhe cabia de acordo com a antiguidade no cargo. Mas o desembargador, ao dar o seu voto, apresentou todas as razões pelas quais votava contra as pretensões do rei. No dia seguinte o rei mandou chamá-lo, e disse:
- Fiquei muito contente de vos ver ontem votar tão livremente, e de entender que sois tão inteiro na justiça. É de homens como o senhor que eu devo me servir, e terei disso lembrança no que se refere à vossa carreira.

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O aventureiro português Duarte Brandão foi para a Inglaterra quando jovem, e se destacou em inúmeros empreendimentos em favor do rei inglês, que o distinguiu com muitas honras. Por questões de precedência, não sendo ele nobre, foi colocado em último lugar numa mesa de banquete. Não tolerando o que julgava uma afronta, ele arrancou um punhal, cravou-o na mesa e desafiou:
- Quem sustentar que este lugar onde estou não é o mais importante, arranque este punhal.
O punhal ficou cravado até o fim do banquete.

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Durante um banquete com o rei de Portugal, alguns nobres se gabavam dos antepassados ilustres, de cujas façanhas militares advinha sua posição atual. O aventureiro Duarte Brandão ouviu tudo, e replicou:
- E eu sou Duarte Brandão, que por força das armas ganhei nobreza para mim e meus descendentes, da mesma forma que os vossos antepassados a ganharam para vós.

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Dom José I, rei de Portugal, comentava com alguns nobres o poder que têm os reis sobre os seus súditos. O marquês de Pontelena ousou dizer que esse poder tinha limites. Mas o rei, não querendo admitir tais restrições, advertiu:
- Se eu ordenasse que vos lançásseis ao mar, deveríeis executar a minha ordem sem a menor hesitação!
Em vez de replicar, o conde foi se retirando.
- Aonde vai o senhor, assim tão zangado?
- Aprender a nadar, Majestade.

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Dom Pedro de Eça tinha um irmão, D. Diogo, que era ousado e temerário. Pretendia refreá-lo, e armou com alguns amigos uma cilada na qual estes se fariam passar por castelhanos, com os quais estava em atritos a cidade fronteiriça de Moura. Os dois saíram então a passear pelo campo, junto com mais dois cavaleiros, rumo ao local da "cilada". Quando viram os numerosos "castelhanos", D. Pedro propôs que se retirassem, pois o grupo era muito grande. O temerário irmão argumentou:
- Parece-me, senhor, que devemos atacá-los antes que saibam quão poucos somos.

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Em 1507 os portugueses de Afonso de Albuquerque conquistaram Ormuz, rica cidade tributária da Pérsia, situada na entrada do Golfo Pérsico. Enquanto erguia sua fortaleza no local, apresentou-se uma embaixada do soberano da Pérsia, a fim de cobrar dele o tributo anual que Ormuz lhe devia. Mandou encher uma grande bacia com lanças, espadas, granadas, balas e outros tipos de munições, e disse aos embaixadores:
- Levai este presente ao vosso soberano, e dizei-lhe que este é o tributo que o rei de Portugal e os reis seus vassalos pagam aos que os pedem.

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O fidalgo português João Pereira tinha um irmão gêmeo, o conde Diogo Pereira. De acordo com a antiga lei portuguesa do morgadio, os bens patrimoniais e o título de nobreza da família foram herdados pelo outro irmão, pois, embora gêmeos, D. Diogo nascera primeiro, e era portanto considerado primogênito. Caminhando para a saída do palácio ao lado do conde de Redondo, ao chegarem à porta João Pereira disse:
- Senhor conde de Redondo, tenha a bondade de passar primeiro.
- Veja só, Dom João: se o senhor não fosse tão cortês, não teria perdido o morgadio.
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O rei de Portugal mandou o barão de Alvito em visita diplomática a Carlos V, da Espanha. Com uma pomposa comitiva de dezoito cavaleiros, entrou o barão em Castela, e em certa altura um castelhano, impressionado com o número de cavaleiros, perguntou:
- Os senhores vão conquistar Castela?
- Se eu viesse para isso, traria menos portugueses.
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Dom Pedro de Eça, alcaide-mor de Moura, era um fidalgo conhecido por sua valentia. Uns criados dele mataram um homem, e dois irmãos da vítima o acusaram ante o rei D. João II de ter sido o mandante do crime. Concluído o inquérito, ele foi julgado inocente. Compareceu então ante o rei, que ainda vacilava, e lhe propôs:
- Como Vossa Majestade não quer acreditar que não tenho culpa, e quem me acusa são dois, proponho que haja um duelo meu com os dois, para assim me purificar.
Julgando a proposta uma insolência, o rei disse:
- Bem que eu gostaria de ser um dos dois.
- Se não fosse Vossa Majestade o meu rei e senhor, eu me disporia a lutar com os três.
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D. Henrique de Meneses era embaixador de Portugal na Espanha. O imperador Carlos V, em cujo império o sol não se punha, resolveu dar uma alfinetada a respeito do tamanho de Portugal, que no entanto tinha colônias na Índia.
- Quando alguém está caçando e levanta uma lebre em Portugal, em que país vão matá-la?
- Na Índia, que fica a duas mil léguas de lá.

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